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A Estrutura Teológica da Vineyard

A “Declaração de Fé” da Vineyard representa a principal corrente, o Cristianismo histórico. Ela é composta de muitas fontes. Primeiramente, as declarações de fé (credos) dos pais da Igreja. Nós cremos na Trindade, um Deus que subsiste em três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo; e nas duas naturezas do Cristo encarnado, completamente divino e completamente humano ao mesmo tempo (Deus e Homem).

Em segundo lugar, como herdeiros da reforma, nós concordamos com Lutero, “que somente Ele pode fazer distinção entre a Lei e o Evangelho”. Deixamos de lado a salvação pelas obras e a mediação da Igreja, e concordamos somente com a “Justificação Pela Fé” do Apóstolo Paulo. Como os reformadores, nós concordamos que os “Papas e os Concílios podem errar”. Assim, nós aceitamos as Escrituras do Velho e Novo Testamentos como a Palavra de Deus escrita, como a única e absoluta autoridade para a Igreja. Apenas a Escritura (Sola Scriptura) é a regra final de fé e prática. E como os Reformadores, nós sabemos que “o nosso antigo inimigo permanece, sempre procurando nos desanimar na obra” (Lutero). A batalha espiritual faz parte da nossa realidade neste mundo. Enquanto vivemos no reino de Cristo, nós batalhamos contra o reino de satanás, sabendo que a vitória já foi ganha. É como Lutero cantava, “Deixe que os bens e os familiares se vão. Esta vida mortal também. O corpo eles podem matar. A verdade de Deus permanecerá. O seu reino é eterno.”. 

Em terceiro lugar, nós abraçamos as idéias do Avivamento Evangélico do Século 18, conduzido por João e Carlos Wesley. Nós cremos na necessidade de uma conversão pessoal a Cristo por meio do “novo nascimento”, promovido pelo Espírito Santo, e na santidade pessoal como seu fruto obrigatório. O caráter de Cristo e as obras do reino: alcançar os perdidos, curar os enfermos, servir os pobres, trazer a justiça aos oprimidos, vem por meio desta obra transformadora. Como Dietrich Bonhoeffer escreveu, “Apenas aqueles que crêem podem obedecer, e apenas os que obedecem podem crer”. 

Em quarto lugar, como herdeiros do “Grande Século das Missões Mundiais” (o século 19), e crendo que a “Grande Comissão” permanece, isto nos faz ser uma ‘Comunidade Missionária’, propositalmente. O chamado para a conversão e plantação de Igreja não é opcional. Como um movimento, nós existimos para trazer as nações á Cristo. 

Em quinto lugar, nós também somos herdeiros dos avivamentos pentecostais e carismáticos do século 20. Nós recebemos bem esse fluir do Espírito na Igreja, enquanto permanecemos solidamente tradicionais em nossa teologia. Como a nossa “Declaração de Fé” diz: “Nós cremos no preenchimento ou na capacitação do Espírito Santo, freqüentemente como uma experiência consciente a fim de ministrarmos hoje. Nós cremos no ministério atual do Espírito Santo e…na prática...de todos os dons bíblicos do Espírito Santo”. Isto nos leva a uma ação: “Nós praticamos a imposição de mãos para a capacitação do Espírito, para a cura, e para o reconhecimento e capacitação daqueles a quem Deus ordenou para conduzir e servir a Igreja”. 

Em sexto lugar, o “Movimento de Teologia Bíblica” nos ensina muito. Nós vemos que a fé no Novo Testamento é uma questão completamente “escatológica”. Isto significa que nós não estamos simplesmente esperando pelo fim das coisas, nós estamos vivendo essa época. A consumação das coisas já se iniciou com a vida, morte e ressurreição do nosso Senhor Jesus Cristo e o derramamento do seu Espírito no Pentecostes. Nós vivemos na tensão do reino que virá e que está vindo, do ‘já e não ainda’. Nós crescemos em santidade e plantamos igrejas sabendo que o reino está aqui, mas não na sua plenitude. 

HISTÓRIA DA REDENÇÃO 
A nossa “Declaração de Fé” oferece não apenas uma clara estrutura teológica, mas também a “História da Redenção”. Talvez antecipando a ênfase do Pós-Modernismo nas histórias, nós também temos uma história para contar. É a história do Reino, ou melhor dizendo, a estrutura da Trindade (como no Credo dos Apóstolos), que nos leva á nossa Declaração.

NÓS CONFESSAMOS
Ela confessa o Único Deus: Pai, Filho e Espírito Santo, como o verdadeiro e terno Deus, que é também criador e dominador de todas as coisas. E imediatamente somos levados ao tópico da rebelião de Satanás no céu e o seu contra-reino contaminando este mundo bom. Através da tentação que sofreram, os nossos pais “caíram da graça, trazendo pecado e enfermidade sobre a terra”. Como resultado disso, “Seres humanos nascem em pecado, sujeitos ao julgamento de Deus, que é a morte, e cativos do reino Satânico das trevas”.

    
Mas Deus continua dominando o Universo. Portanto, Deus agiu para reverter os efeitos da queda ao estabelecer seu pacto incondicional com Abraão, prometendo bênçãos para as nações ao libertar Israel da escravidão do Egito e dando a Lei por intermédio de Moisés. É seu propósito nos convencer do pecado e nos trazer “a Cristo para a salvação”. Depois, Deus estabeleceu um pacto incondicional com Davi, prometendo-lhe uma descendência que reinaria para sempre. Isto se cumpriu em Cristo, o Filho de Deus encarnado que é da linhagem de Davi, que restabelece o reino de Deus sobre Israel e o estende ás nações. 

    
No Credo dos Apóstolos, Jesus é descrito como o Filho de Deus “concebido pelo Espírito Santo,nascido da virgem Maria”. Mas a nossa “Declaração de Fé” não apenas cita a sua encarnação e expiação, mas também o seu ministério do reino. “Jesus foi ungido como Messias de Deus e cheio do Espírito Santo, inaugurando o Reino de Deus sobre a terra, sobrepujando o reino de Satanás pela sua vitória sobre as tentações pregando as boas novas de salvação, curando os enfermos, expulsando demônios, e ressuscitando os mortos. Reunindo seus discípulos, Ele reconstituiu o povo de Deus como sua Igreja para ser instrumento de Seu Reino”. Isto é crucial para a identidade da Vineyard. Jesus prega e ministra o reino, treina os discípulos para fazer o mesmo e repassa isso a cada geração da Igreja. E nós estamos nesta seqüência!

    
Através da “Declaração de Fé”, o ministério de Jesus atinge o clímax na sua morte e ressurreição. O significado da sua morte está classicamente expresso: “Em sua vida sem pecados e perfeita Jesus cumpriu as normas da lei, e em sua morte expiatória na cruz Ele recebeu o julgamento de Deus pelo pecado, o qual nós merecemos como ofensores da lei. Pela Sua morte na cruz Ele também desarmou os poderes demoníacos”. Agora Jesus é o Rei Soberano: “A aliança com Davi foi cumprida com o nascimento de Jesus proveniente da casa de Davi, seu ministério Messiânico, sua gloriosa ressurreição da morte, sua ascensão aos céus e seu governo atual à direita do Pai. Como Filho de Deus e herança de Davi, Ele é o eterno Rei e Messias, avançando o Reinado de Deus através de todas as gerações em todas as extremidades da terra hoje”.

    
Depois disso, a “Declaração de Fé” fala do derramamento do Espírito Santo no Dia de Pentecostes. “O Espírito traz a permanente ratificação da presença de Deus para nós para adoração espiritual, santificação pessoal, edificação da igreja, capacitação para o ministério e confrontação do Reino de Satanás, através da evangelização do mundo pela proclamação da palavra de Jesus e realização de sua obra”. Este ministério atinge o seu ápice com o glorioso e visível retorno de Cristo, com a destruição de Satanás, a ressurreição dos mortos e o julgamento final. Então, “Finalmente, Deus vai ser tudo em todos e seu Reino e Seu domínio serão completos nos novos céus e nova terra, recriados pelo Seu poder, onde Sua retidão habita e na qual Ele será adorado eternamente”. 

CONCLUSÃO
A “Declaração de Fé da Vineyard” é também a sua “História de Fé”. Através de toda a Bíblia, Deus é o Rei, reinando por meio do seu Reino. A nossa Teologia identifica a extensão da revelação Bíblica da eternidade ao tempo, da criação á consumação. Ela enfatiza nossa identidade e nos educa na verdade. Ela nos protege da heresia e idolatria, e nos fortalece para o sofrimento e perseguição neste mundo caído. Ela também nos faz proclamar a nossa “Grande História”, a nossa “narrativa”. Conforme confessamos a nossa fé, e somos inseridos na sua história, isso reforça a nossa adoração e se torna uma arma de Guerra na nossa batalha para derrotar o reino de satanás, para subvertermos os sistemas mundanos e proclamarmos que “só Jesus é o Senhor”. “A Grande História” do reino se mistura com a nossa pequena história e descobrimos que fomos criados para isso! Ao vivermos a nossa fé, em proclamação e demonstração, nós contribuímos para o crescimento da Igreja. Através dos “sinais e maravilhas”, da evangelização do pobre, da cura dos enfermos, da expulsão dos demônios e da luta pela justiça, nós confrontamos a mentalidade secular e manifestamos a intenção de Deus em restaurar completamente esta criação decaída quando Cristo retornar. Assim, nós respondemos a pergunta: “Por que a Vineyard”?

Don Williams é um dos teólogos mais respeitados do Movimento Vineyard

Tradução: Maurício Boehme

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